Coisas que me dão na telha, de vez em quando, e que quero deixar registradas, nem que seja num blog.







quarta-feira, 6 de junho de 2012

Um anjo chamado Wanda

     Desde pequeno gosto de gatos. Quando criança, sempre tinha um na minha casa. Cresci, casei e continuei tendo gatos. Depois, apesar de continuar gostando deles, passei um longo período sem tê-los, até que, em 1995, meus filhos insistiram pra ter um. Eu já falei aqui sobre isso, em “Uma gata chamada Wanda” (clique aqui pra ler). No texto, entretanto, só falei sobre o dia-a-dia da Wanda, mas não sobre seu lado espiritual, que todos os felinos têm.
     Acredita-se que os gatos têm o poder de, diariamente, remover energia negativa acumulada no nosso corpo. Enquanto dormimos, nosso felino absorve essa energia. Quando dorme, o corpo do gato libera a negatividade que ele removeu de nós. Se há mais do que uma pessoa na família, e apenas um gato, ele pode acumular uma quantidade excessiva de negatividade ao absorver energia de tantas pessoas. Se estivermos excessivamente estressados, ele pode não ter tempo suficiente para liberar tamanha quantidade de energia negativa e, consequentemente, ela se acumula como gordura até que possa liberá-la. Portanto, ele pode se tornar obeso.
     O gato também nos protege durante a noite para que nenhum espírito indesejável entre em nossa casa ou quarto enquanto dormimos. Por isso gosta de dormir na nossa cama. Se perceber que estamos bem, então não dormirá conosco. Se houver algo estranho acontecendo ao nosso redor, ele pulará na nossa cama e nos protegerá. Quando uma pessoa chega a nossa casa e o gato percebe que ela está ali para nos prejudicar ou que é do mal, logo ele nos circundará para nos proteger. Se ele correr para essa pessoa, cheirá-la e quiser ser acariciado por ela, então relaxe.
     Para muitos, o gato ainda é um animal misterioso, quase sagrado, de uma visão além do normal e uma percepção aguçada. Diz-se mesmo que teria poderes paranormais, que saberia muito mais dos segredos da vida do que nós. Quem convive ou conviveu com um gato percebe facilmente que boa parte dessas características parece mesmo ser verdadeira. Os gatos realmente parecem ter uma percepção extrassensorial, uma visão diferenciada, além do normal. Quase sempre dão a impressão de pertencerem a uma esfera superior, a um nível mais elevado de consciência. Os gatos parecem saber exatamente como nos sentimos, mesmo que não externemos nenhuma reação diferente.
     Marta, a mãe dos meus filhos, não era muito simpática à ideia de ter um animalzinho em casa. Quando chegou em casa depois do trabalho, nem percebeu imediatamente a pequena Wanda, recém chegada, sobre a mesa de centro da sala. Cumprimentou-nos, começou a contar coisas da sua manhã e, de repente, surpreendeu-se, não como quem diria em seguida “não quero esse bicho de jeito nenhum”, mas sim como quem se encantava à primeira vista. Depois de prometermos que nós cuidaríamos da Wanda, aceitou passar a conviver com um gato, no caso uma gata, fosse por quanto tempo fosse.
     E assim conviveram durante anos. Um dia Marta adoeceu. Doença grave. E Wanda sentiu isso. Passava os dias deitada num “puf” de uma poltrona onde Marta acomodava os pés. À noite, ia para seu quarto, que era a dependência de empregada do apartamento, pois nunca lhe fora permitido dormir na sala ou nos quartos.
     Muitas vezes observei as duas olhando-se atentamente. Às vezes, Marta dizia à Wanda: se sorrires faço o que quiseres (claro que ela não falava como escrevi aqui). A Wanda não sorria, pois não é de sua natureza, mas acho que entendia o que Marta queria.
     Marta passou seus últimos dias no hospital. Eu estava longe. Numa noite, estava sentado no sofá vendo TV, e, de repente, sem mais nem menos, a Wanda veio em minha direção e sentou-se ao meu lado, bem junto ao meu corpo, coisa que nunca fazia. Não demorou cinco minutos e veio uma ligação dizendo que Marta partira. Seria coincidência?
     Na outra casa em que fui morar, permitimos que Wanda dormisse na cama. E ela levou a sério. Fazia isso diariamente, ou melhor, noturnamente. Às vezes, durante a madrugada, especialmente no verão, ia pra outro canto. Nos seus últimos dias nem saía mais da cama. Recolheu-se em silêncio, quase não comia e mal caminhava. Também partiu, ontem, dia 05 de junho de 2012. Viveu 17 anos, seis meses e quatro dias. Agora é um anjo chamado Wanda.

um anjo chamado wanda
     “O gato imortal existe, em algum mundo intermediário entre a vida e a morte, observando e esperando, passivo até o momento em que o espírito humano se torna livre. Então, ele irá liderar a alma até seu repouso final” (HAUSMAN, Gerald & Loretta. The Mythology of Cats: Feline Legend and Lore Through the Ages. St. Martin's Press, 1st ed, 1998.)

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Fontes:
http://vidaespiritualidade.wordpress.com/2010/05/25/gatos-e-os-beneficios-espirituais/
http://igorbatatinha.blogspot.com.br/2011/04/gato-e-espiritualidade.html

5 comentários:

Anônimo disse...

Muito lindo o que escrevestes. Meu gato costuma olhar sob meu ombro, em direção ao corredor. E fica estático, desafiador, como se não deixasse ninguém chega perto de mim. Acredito piamente que ele encara algum espírito. Basta sentar-me no sofá que lá vem ele, todos os dias depois que chego do trabalho.Valeu kra a reflexão!

Clara disse...

Falta do quentinho dela, daqueles olhos azuis me olhando, daquela patinha pedindo carinho... isso ainda vai doer por muito tempo...

vidacuriosa disse...

Texto emocionante mesmo para quem, como eu, nunca teve gatos. Abrs.

Paula disse...

Eu nao tinha visto isso antes, mas li agora e confesso que amei! :)

Paula disse...

bah, acho que sou um robo, levei horas pra conseguir publicar o comentario :)