Em “Fim de espetáculo” (Correio do Povo, 30/3/2010), Juremir Machado da Silva mais ou menos que colocou na boca de um de seus ídolos, Jean Baudrillard, mas, na verdade, foi ele próprio quem disse, entre outras coisas, que as pessoas veem o Big Brother “porque são idiotas, porque nada têm para fazer, porque adoram espiar os outros pelo buraco da fechadura e porque se identificam”. Concordo com ele, especialmente em relação à primeira afirmação: eu e todos os que assistem ao Big Brother somos idiotas. E o pior é que tem Big Brother no mundo todo. Dá uma olhada na relação de países cheios de idiotas: África do Sul, Albânia, Alemanha, Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Bulgária, Canadá, Colômbia, Croácia, Dinamarca, Equador, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Índia, Israel, Itália, México, Nigéria, Noruega, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Romênia, Rússia, Sérvia, Suécia, Suíça e Tailândia. É muito idiota pra um Juremir só.
Aliás, comparada ao Juremir a raça humana é idiota. Tenho que tirar o chapéu pro cara (o Juremir, não o Lula). Ele é um ser superior, mais superior do que o falecido Paulo Francis, Diogo Mainardi e Marcelo Dourado juntos. Juremir é de outro mundo. Pela aparência e inteligência, é um ET. O ET de Palomas.
Tô falando isso, mas eu gosto do Juremir, viu?! Como sou idiota, assino o Correio do Povo. Todas as manhãs, bem cedinho, depois do café, vou ler o Juremir no banheiro. Não preciso nem tomar Naturetti na noite anterior.
O ET de Palomas finaliza sua crônica desse dia dizendo que também é um idiota.
Eu sou idiota. Necessito que me aceitem e elogiem pelo que sou. Se perder a timidez, tentarei participar de um reality show. Só temo não ter condições de ganhar por não ser suficientemente idiota. Posso melhorar. Estou treinando. É questão de tempo.
Isso me deu uma idéia. Vou sugerir à Endemol que produza um Big Brother internacional só com pessoas muito inteligentes. Deveriam participar somente filósofos, sociólogos, antropólogos e outros “ólogos”, inclusive ufólogos. Estes últimos são necessários pra formar uma patotinha com o Juremir, combinar votos e tudo o mais. O Fernando Henrique se inscreveria mas não seria escolhido
Parece que estou vendo nosso herói fazendo um omelete pro Michel Houellebecq e debatendo sobre os “neohumanos”. Me permito uma licença poética e incluo nesse reality show gente falecida. À noite, Juremir dormiria de conchinha com Jean Baudrillard no puxadinho. Na cama ao lado, Claude Lévi-Strauss, angustia-se, acreditando que vai pro paredão porque só ele entende de índio naquela casa. Na casa grande (não é uma ironia!), Gilberto Freyre cochilava no sofá, fazendo de conta ouvir Pierre Bourdieu reclamar que Boninho é muito dominador e interfere muito na sociedade que estava se formando. Enquanto isso, Einstein, o Albert, à beira da piscina, se perguntava: — O que que eu tô fazendo aqui?
E nós, idiotas do mundo todo, estaríamos assistindo, porque não teríamos nada pra fazer, porque adoramos espiar os outros pelo buraco da fechadura e porque nos identificamos com os “heróis”... Opa! Assim não pode, assim não dá! Jamais nós, pertencentes à raça humana, ousaremos nos identificar com os sábios e o ET de Palomas.
Não leva a mal, Jura, só não gosto de ti quando finges ser arrogante.
Um comentário:
Pior que o Juremir fingir ser arrogante é ter que escutá-lo falando sobre tudo em todos os tipos de programa inclusive futebol. Sem falar que o Brasil é o pior lugar do mundo e infelizmente ele nunca vai embora pra outro lugar. Agora o mais insuportável mesmo é ter de escutar a "risadinha" do Juremir no microfone. Essa nem na Europa ele vai encontrar.
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