Coisas que me dão na telha, de vez em quando, e que quero deixar registradas, nem que seja num blog.







domingo, 8 de novembro de 2009

Receita Federal: Deus nos livre!


     Ando às turras com a Receita Federal. Devo ser alguém importante pra que os técnicos da RF se preocupem com minhas declarações de “rendimen-tos” todos os anos. Vou explicar.
     Ano passado, quando começaram as restituições do IR, todos os meses visitava o site da Receita pra ver se lá estavam de volta alguns dos meus minguados tostões. De repente, aquela página que informa se sua restituição foi depositada ou se ainda continua na base de dados disse que havia pendências em minha declaração. Uau! O que seria? Faço sempre tudo certinho, sem escamotear rendimentos ou inventar deduções... Putz!
     E aí esperei, esperei, esperei e esperei o ano inteiro de 2008. E chegou 2009 e a hora de fazer a declaração referente a 2008. Fiz tudo igualzinho, novamente sem escamotear ou inventar. Novamente passei a consultar o site pra ver se vinha a mais minguada ainda restituição. Até que aquela maldita página disse de novo que havia pendências... Ah, não!
     Desta vez, no entanto, o site da Receita está mais amigável. Além de dizer que há pendências, informa quais são e se reporta a declarações de anos anteriores. Fui ver quais eram as pendências e está lá algo mais ou menos assim: inconsistência em relação a dados com despesas médicas. E agora, José? Tenho recibo de todas minhas despesas médicas... Cliquei num link que me ajudou a descobrir: só posso abater o que pago pra UNIMED o montante das minhas despesas pessoais; não posso abater o que pago para meus filhos e a mãe deles porque não são meus dependentes para fins de imposto de renda. Tá?
     Ora, teoricamente, e pra fins de imposto de renda, os filhos só podem ser dependentes até os 24 anos, se estiverem cursando uma faculdade. Caso contrário, a idade limite pra ser dependente é menor ainda. Meus filhos já passaram dos 24, já estão formados, tem emprego – um deles até já casou –, mas, pasme, continuam sendo dependentes! E isso não acontece só com meus filhos, mas com os filhos de muita gente. Foi-se o tempo em que a partir dos 18 anos os filhos já eram considerados adultos, iam morar sozinhos, etc. Hoje em dia, ficam na casa dos pais até os 30, ou mais. Não por comodismo, mas porque ainda dependem do dinheiro dos pais. Os empregos que conseguem, em começo de carreira, lhes "rende" um salário ridículo, que mal dá pra cervejinha na balada, imagine ter algum plano de saúde... E vou mais longe: a justificativa das empresas pra pagarem um salário baixo pra essa turma é de que há muitos encargos sociais e impostos incidindo.Entendo.
     Pois a Receita não quer me restituir o que paguei a mais de IR nesses dois anos porque declarei o que pago de UNIMED pros meus filhos e pra mãe deles. Vou ter que retificar as declarações tirando essa despesa que realmente tive.
     Confesso que não me importaria em contribuir para a manutenção de estradas, para a construção de hospitais, de escolas, de presídios e de abrigos para crianças e idosos; confesso que socializaria com prazer meus "rendimentos" com a camada pobre da população... Mas quero recibo de tudo isso! Ao não me fornecerem recibo de que gastaram tanto por cento dos meus "rendimentos" naqueles itens que citei acima, deveria eu ter o direito de fazer cessar o desconto para o IR feito mensal, compulsoria e diretamente no meu contracheque!
     Eu, porém, tenho que guardar por cinco anos os recibos daquilo que informei ter pago e, mesmo assim, nem tudo o que paguei posso aproveitar.
     Preciso conseguir um emprego pros meus filhos no legslativo ou no judiciário federal, pois do executivo eu sou e me ferro sempre.
     E viva os sonegadores!

3 comentários:

Clara disse...

... e essa "bagaça" como diz o Marcelo Tass, continua. Acho que deverias publicar a matéria, muito bem apresentada, em jornais. Quem sabe isso toma conta e aparece!!
Beijos com o mesmo sentimento de lesada.

Unknown disse...

Caro Aldo,

Achar que é "normal" um filho de 30 anos ainda estar na casa dos pais gera vergonha alheia para aqueles que estão escutando e pelo menos deveria causar constrangimento para quem está falando. A não ser, é claro, que o filho seja vítiima de alguma incapacidade ou retardo. Ter filhos formados, com emprego e até casados em casa, sendo ainda sustentados pelos pais É SIM comodismo.

Seus filhos somente estão em sua residência ainda pois você deve ser um péssimo pai e não deu a devida educação. Querer deduzir do imposto gastos médicos com filhos acima de 24 é SIM abusivo... Não é você quem tem que arrumar emprego para seus filhos, não é você quem tem que sustentar as baladas dos seus filhos... manda eles sairem de frente do computador, parar de ir em baladas, namorar menos, E PROCURAR UM BOM EMPREGO.

Concordo com você que o governo deveria ter um programa mais efetivo de transparência pública, onde mostraria a contrapartida de todos os gastos. E fico feliz de saber que você concorda com a contribuição, pois mostra que você é um dos poucos cidadãos que conhecem a importância dos tributos para o financiamento do Estado, ou seja, mostra que você possui educação fiscal.

Se está difícil conquistar bons empregos é porque o nível dos candidatos às vagas está alto. O Brasil está em pleno crescimento econômico, basta se diferenciar dos demais para conquistar seu lugar no mercado de trabalho. Seus filhos não conseguem porque têm um pai que mima e não incentiva o desenvolvimento independente baseado nos pilares do mérito.

Tenho 23 anos e não moro mais na casa de meus pais. Pago todas as minhas contas, INCLUSIVE MEU PLANO DE SAÚDE que coincidentemente é da UNIMED. Se eu consigo com 23 seus filhos também conseguem com 30, salvo se eles tiverem alguma deficiência ou atraso, que acredito não ser o caso.

Ano que vem tem IR de novo.. não cometa o mesmo erro e assim você receberá rapidamente sua "minguada" restituição.

Aldo Jung disse...

Por que tanto recalque, Ray?
Em primeiro lugar, eu não disse que acho "normal" os filhos ficarem na casa dos pais até os 30 anos. Simplesmente, como bom observador, sei que assim acontece na nossa sooiedade.
Eu, por exemplo, comecei a trabalhar com 19 e casei a primeira vez aos 23 anos...
Em segundo lugar, não leste direito. Te desculpo, pois talvez tenhas alguma incapacidade ou retardo. Eu não disse que meus filhos estão em casa (se não souberes ler, me pede que eu desenho, tá?).
Em terceiro lugar, quem sabe da educação de meus filhos sou eu. Se julgares a educação recebida nesse nível, devo acreditar que teu pai foi (ou é) excelente. Se meus filhos não haviam conseguido um bom emprego até a ocasião em que escrevi aquele texto (faz um ano...) é porque, como disseste, eram, sim, candidatos de alto nível e queriam ser tratados como tal.
Também não disse que nada faziam, que ficavam o dia em frente ao computador e que eu sustentava as baladas deles. Enxergar coisas que não se leu é, no mínimo, recalque dos brabos.
Não fica brabo, Ray. Espero que um dia consigas ter filhos.