Coisas que me dão na telha, de vez em quando, e que quero deixar registradas, nem que seja num blog.







quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Varejão


     Não sei se posso ser considerado um cara chato. Pelo menos não conto minha vida quando me perguntam "tudo bem?". Claro, tenho umas manias, pequenas. Gosto das coisas arrumadas: gavetas, mesas, armários, guarda-roupas. Mas só se as coisas estiverem muito desarrumadas. Se estiverem, não perco o humor nem fico reclamando. Apenas arrumo. É, acho que não sou chato.
     Chato mesmo são aqueles comerciais de TV aberta conhecidos como "varejão". Neste rol entram anunciantes como Big, Carrefour, Casas Bahia, Ponto Frio, Magazine Luiza e outros. São lojas cujos clientes, imagino, sejam de renda média para baixa. Invaravelmente os locutores berram as ofertas. Pra que berrar? Não bastava anunciar? Será que os consumidores de baixa renda são todos deficientes auditivos? Ah, ainda por cima, têm voz chata. Você já ouviu algum locutor daqueles que narram os textos dos comerciais de banco, ou da Petrobrás, ou de cosméticos vendendo sua voz para comerciais de varejo ou supermercado? Tenho certeza de que não. Por que os de "varejão" têm que ser ruins?
     Nos comerciais de supermercados, além dos locutores ruins de voz horrível, ainda temos que ficar ouvindo-os berrando os preços das ofertas. Os centavos de todos os produtos terminam em nove: setenta e nove, oitenta e nove, noventa e nove. Não importa se é unidade, quilo ou dúzia. É tudo alguma coisa e nove. E depois de cada nove desses tem uma exclamação.
     Já nos comercias das lojas de móveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, quando não é um desses locutores anunciando "maravilhosos" sofás, supermodernos televisores LCD, aparelhos de DVD com karaokê ou refrigeradores sem IPI, tem os famosos garotos propaganda (nem tão garotos assim!), falando bem rápido pra caber tudo em 30 segundos. Ufa!
     Você está assistindo a seu programa favorito, seja ele de que gênero for, com o televisor num volume suficiente pra que se ouça o que estão falando na telinha e vem o intervalo. Passa um comercial de instituição financeira, outro de um produto cosmético, um de alguma marca de gasolina, todos bonitos e criativos, com belas imagens, música envolvente e uma narração de veludo nos ouvidos. De repente: PÁ! CRÁS! TIBUM! O volume da TV dá um salto com vara e deixa você atordoado. É um varejão entrando na sua sala; MAMÃO FORMOSA QUATRO E SETENTA E NOVE! BANANA MAÇÃ TRÊS E VINTE E NOVE! BERINGELA EXTRA GRANDE TRÊS E SESSENTA E NOVE! AIPIM EMBALADO QUATRO E TRINTA E NOVE! Imediatamente você cata o controle remoto, procura o botão de volume e aperta freneticamente, ao ritmo do locutor, tentando expulsar aquele cara da sua sala. Mas já é tarde, ele falou tudo que queria e se foi. Em seguida entra o cara que anuncia sofás, DVDs e guarda-roupas mas, por sorte, o volume já está baixo.
     Tomara que chegue um dia em que, assim como se escolhe o programa que se quer ver, se escolherá os comerciais. Tomara

Um comentário:

Clara disse...

... e quando reinicia a novela, eu digo com voz macia, aveludada "amor, aumenta o volume...". Quanta diferença! beijo