Oba! Hoje, 28 de maio — 148º dia de 2010 —, é meu último dia de trabalho pra pagar impostos! A partir de agora, o que vier é lucro.
Claro, não é bem assim. Os impostos estão diluídos durante o ano todo, de várias formas: no salário que recebemos, nos produtos que compramos, nos serviços que utilizamos. De minha parte, só do meu salário são descontados mensal e compulsoriamente R$ 1.240,13 por mês a título de Imposto de Renda Retido na Fonte. Esse desconto, somado aos impostos embutidos nos bens que adquiri e serviços que utilizei, corresponde a uma média de 148 dias de meu dignificante trabalho. O caro leitor, eu e todos os brasileiros trabalhamos, então, até hoje pra pagar os impostos que devemos aos governos federal, estadual e municipal em 2010.
Quem fez esta constatação foi o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), em estudo que mostra, ainda, que a classe média é a mais atingida pelos impostos. Os que têm renda entre R$ 3 mil e R$ 10 mil vão pagar 42,94% de impostos. Os que ganham menos do que R$ 3 mil terão comprometidos 38,48% dos rendimentos; os com renda acima de R$ 10 mil, 41,63%.
A pesquisa do IBPT indica que 2010 é o ano em que a carga tributária mais afeta o bolso do contribuinte, desde que o estudo começou a ser feito. Há 10 anos precisávamos trabalhar 130 dias; hoje, 148.
O Brasil é o terceiro país no mundo em que se paga mais impostos. Os suecos precisam trabalhar 185 dias; os franceses, por sua vez, trabalham 149 dias.
Ah, bom! Os suecos e franceses pagam mais impostos do que nós! Vamos, contudo, combinar: a Suécia é um dos países com melhor índice de qualidade de vida do mundo. Existe contrapartida entre o que se paga e o que se recebe do Estado. Na França também. No Brasil, contudo, a qualidade dos serviços públicos — saúde, educação, segurança, etc. — fica muito a desejar.
Os nossos vizinhos argentinos pagam 52% menos impostos do que nós. Os hermanos gastam 97 dias pra pagar as contas. No México são 92 dias, e no Chile, 91.
Se levarmos em conta que de nossos salários ainda é descontada a contribuição previdenciária e, no caso dos celetistas, também o FGTS, deveríamos acrescentar mais alguns dias de trabalho gratuito aos 148. Claro, a contribuição previdenciária vai “recompensar” o trabalhador quando se aposentar. É?
Não sei o leitor, mas eu não me importaria de trabalhar 148 dias pra pagar impostos se recebesse de volta o “investimento” em serviços públicos. Só que me sinto lesado, pois meus dois filhos estudaram em escolas e universidades privadas, tenho plano de saúde particular pra toda família e medo de ser assaltado. Até os dias de hoje, o Estado não colaborou comigo na proporção que tenho contribuído com ele.
Agora são 08h28min do dia 28 de maio de 2010. Só pra ter uma idéia do que se arrecada de impostos no Brasil: neste exato momento estão sendo arrecadados R$ 482.427.109.491,56 em impostos (quatrocentos e oitenta e dois BILHÕES, quatrocentos e vinte e sete MILHÕES, cento e nove MIL, quatrocentos e noventa e um reais e cinquenta e seis centavos). Confira aqui.
Veja abaixo o que os consumidores pagam de impostos, direta e indiretamente.
Coisas que me dão na telha, de vez em quando, e que quero deixar registradas, nem que seja num blog.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Impostos impostos!
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