Coisas que me dão na telha, de vez em quando, e que quero deixar registradas, nem que seja num blog.







quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Homenagem à mãe dos meus filhos

o dia da morte

O Dia da Morte - William-Adolphe Bouguereau

     Ela é esperada, mas sem a ansiosa expectativa de uma criança antes do Natal. Ela é esperada, mas nunca se quer que ela chegue. Ela é esperada, mas, quando chega, nada preenche, só deixa um vazio.

     Ela é esperada até pelos que não a esperam. Chega de repente, sem aviso, toma conta do espaço que era da vida até momentos atrás. Os que a esperam, no entanto, lutam, muitas vezes por anos a fio, para que ela não chegue no dia que não marcou pra chegar.

     Ela é esperada, mas, quando chega, pega de surpresa aos que ainda vão continuar a esperá-la.

     Ela é o fenômeno natural que desde o início da humanidade ainda provoca discussões nos campos da religião e da ciência, suscitando opiniões diversas. Desde o princípio dos tempos, os homens a tem classificado como misticismo, magia, mistério, segredo. Os céticos, contudo, atribuem a ela apenas o cessar da consciência, quando o cérebro deixa de executar suas funções.

     Sim. É dela que estou falando: da morte, óbito ou falecimento; desencarne ou passamento; decesso, defunção, exício, fim ou finamento; libitina, parca, trânsito ou perecimento. Ela vem, seja qual for sua crença ou descrença; seja qual for seu sotaque ou parecença. Ela vem e, num repente, deixa órfãos, dependentes, entristece aos parentes.

     Ela chega e muda tudo sem nada mudar. Eu, por exemplo, não mudei, ainda sou dos que a esperam sem querer encontrá-la. Mas ela chegou e mudou meu estado civil.

     Vou tentar enganá-la pra sempre.

.:: o ::.

     Meu jeito de escrever era uma das coisas que Marta, a mãe dos meus filhos, gostava em mim. Essa foi a forma que encontrei de homenageá-la, agora, quando ela recebeu a visita mal-vinda daquela que todos esperam, depois de muita luta e esperança em adiar sua chegada.

     Descansa em paz, Martinha, zelarei por teu maior legado: nossos filhos.

4 comentários:

Macfuca disse...

Quando fiquei sabendo já era tarde, não que isso fosse mudar o curso dos sofrimentos de qualquer forma nestes momentos todo a força sempre ajuda a sustentar a dor.
Com ela temos de permanecer a amadurecer. Sempre parece que se vai um pedaço de nossa história.
A ti o abraço do sobrinho que mesmo distânte sempre te admirou aos primos que pouco contato tenho o carinho de quem teve de passar por isso muito cedo e sabe que se vai um abraço necessário mas que também será sempre inesquecível e que nós homens nunca teremos a capacidade de ocupar. O lugar da mãe.
Fiquem bem de coração!

Christian Jung

mulher de sardas disse...

Amigo querido, meus pêsames sinceros pra ti e pra tua família. Muito cedo, muito triste. Morte: taí uma coisa que palavra nenhuma alcança. Receba meu abraço forte. Camila.

vera bombardelli disse...

Aldo, meus sentimentos profundos pelo passamento da Marta, pessoa que te acompanhou por longos anos e que certamente te fez muito feliz juntos aos filhos queridos. Certamente ela esta sendo irradiada pela luz divina pois a ímpar dedicacao á familia fez dela uma mulher especial.Abracos e fiques com Deus.
(nao repares nos erros, estou em território Argentino)

Aldo Jung disse...

Agradeço de coração as manifestações que nos ajudam a manter o ritmo que a vida exige.
A Martinha está bem, tenho certeza, e zelando por nós.
Obrigado!