Já comentei neste blog sobre meu hobby do passado (The Old Stones e The Old Stones rides again!). Acho que não comentei que ele continua. Então vamos a um resumo dele no passado.
O passado remoto
Em 1966, quando tinha 16 anos, formei uma banda de rock com mais três amigos, no embalo da beatlemania. Ela se chamava The Old Stones e eu era o baterista, que não é considerado músico, mas sim o melhor amigo dos músicos. Durou até 1969, quando cada um seguiu seu rumo.
Passei a ensaiar sozinho, na garagem da minha casa, com o objetivo de me aprimorar. Colocava os discos de bandas da época num toca-discos plugado num potente amplificador, sobra do divórcio dos Old Stones, e os acompanhava na bateria.
Em seguida, o Buffalo, contrabaixista dos Old Stones, me convidou pra tocar na banda em que ele estava e que se chamava The Hooligans (não sei se o nome tinha alguma referência com os violentos torcedores ingleses, mas era soava bem rock n’ roll). Mas, como tudo acaba, essa também acabou. Com alguns remanescentes e novos integrantes, formou-se a The New Hooligans, que também acabou depois de um tempo.
Não demorou muito, eu e um remanescente da TNH formamos outra banda, mais pesada, com mais pegada e uma batida forte, à qual demos o nome — pasmem — de Banda do Pentágono da Paz (nossa!). A essa altura já era final de 1971 e a banda, como as outras, foi pro saco.
Foi então que entrei numa banda chamada Kaos (não me lembro se era com K ou com C). Essa tinha pretensão de crescer e fazer muito sucesso, mas seus integrantes não tinham recursos suficientes para adquirir os bons equipamentos necessários. Para conseguir isso, a banda começou a tocar num inferninho da Cristóvão Colombo, perto da Gaspar Martins, chamado Pyramides Club. Era um horror. Tocávamos pras putas da casa dançarem com seus pretendentes. Não se suportava nem o cheiro do local. Eu trabalhava, tinha um salário razoável e estava prestes a me casar, então acabei caindo fora.
Era 1972. Dei por encerrada minha carreira de músico e vendi minha bateria pra um colega de trabalho.
O passado recente
Eis que 24 anos depois, o Buffalo, antigo companheiro, resolveu reunir os Old Stones para uma brincadeira: queria comemorar 30 anos dede que tínhamos tocado juntos pela primeira vez. Topamos. Assim, em outubro de 96, os velhos stones tocaram juntos de novo, num jantar dançante no Partenon Tênis Clube. A casa lotou com antigos e antigas fãs, quase todos já com os cabelos agrisalhados.
Talvez você já tenha ouvido alguém dizer que música é como cachaça: não pode tomar o primeiro gole. E foi o que aconteceu. Os Old Stones continuaram na estrada por algum tempo, com diversas formações, tocando em jantares dançantes e fazendo shows em praças e parques, mas como um saudável hobby.
Um ditado diz que a fruta nunca cai longe do pé. Meu filho também montou uma banda com colegas do colégio. Não era de rock, mas sim de pagode (acho que atirei pedra na cruz em encarnação passada). Tudo bem. Como pai tem que participar, levava-o para os ensaios, que já não são mais em garagens como no meu tempo, mas sim em estúdios. Num desses, o dono também tinha sido músico na adolescência e havia voltado a tocar depois de maduro (vou evitar o termo “velho”), mas que, como eu, estava parado. Conversa-vai, conversa-vem, convidou-me pra fazer com ele uma banda.
Eu e os outros convidados, a quem eu não conhecia, aparecemos no dia marcado. Feitas as apresentações, fomos para o estúdio e fizemos um som bem legal, por cerca de duas horas. Na saída, conversamos uns com os outros sobre o passado, em que bandas, quando e com quem havíamos tocado. Dirigi-me a um deles, gordo e quase careca, e disse que tinha tocado numa banda do IAPI, chamada Kaos, com fulano, sicrano e o Cabeleira...
Ele me interrompe e diz: — Pô! O Cabeleira era eu!
Ou seja: o tempo foi implacável com ele, a ponto de, além de transformar seu corpo, afetou-lhe a memória, pois não me reconhecera. E eu nem mudei tanto naqueles pouco mais de 30 anos, apenas não sou mais cabeludo, mas continuo magro. Ele, naquela época, era mais magro do que eu e tinha uma vasta cabeleira crespa (daí seu apelido).
Mas isso foi apenas um detalhe. Essa banda durou poucos encontros e não vingou, justamente por causa do Cabeleira, que tinha uma vida meio complicada. Em compensação, o outro integrante que conheci nesses encontros, o Nelson, me convidou para formar uma banda com ele. Juntamos, então, metade dos antigos Old Stones com metade dos antigos Os Bruxos, que era a banda do Nelson na adolescência, e nasceu o Projeto 70.
O Projeto 70 foi eterno enquanto durou, assim como as paixões e alguns amores. Novamente este melhor amigo dos músicos que lhe escreve estava no ócio musical. Num belo dia, encontro no supermercado o Gil, aquele cara do estúdio em que meu filho ensaiava e que quis fazer a banda com o Cabeleira e o Nelson. Estava tocando numa banda que passava por modificações e precisava de um baterista. Lá fui eu tocar na Escravisaura Blues Band.
O presente
Por falta de tempo de alguns, a Escravisaura ficou na berlinda. Enquanto isso, eu e o Gil formamos a Folk’n’Roll, que existe desde 2006.
A Folk'n'Roll toca músicas dos anos 60 e 70, sem que tenham sido, obrigatoriamente, tops de paradas de sucesso e que, normalmente, não são tocadas por grupos semelhantes. A interpretação tem uma levada às vezes folk, às vezes country e, na maioria das vezes, a batida do rock daquelas décadas. Não existe a preocupação de fazer covers dos originais. A Folk'n'Roll coloca pitadas de banda de garagem na interpretação do seu repertório. A proposta é executar músicas do gosto pessoal dos integrantes, mas que também transportem seu público àquela época. Para os mais novos, porém, tudo soa como se fosse novo.
O grupo é formado por músicos experientes, que, como eu, encaram a atividade como um hobby: Aldo - bateria e backing vocals; Aloar - guitarra solo e backing vocals; André - teclados; Gil - contrabaixo e vocais; Lauro - guitarra base e vocais.
Do set list da Folk'n'Roll constam músicas de Barry McGuire, Beatles, Bee Gees, Billy Ray Cyrus, Bob Dilan, Byrds, Eric Clapton, Marmalade, Monkees, Nillson, Rokes, Rolling Stones, Shakers, The Five Americans, Turtles, Ventures, Willie Nelson e outros.
Conheça melhor a banda e ouça músicas interpretadas pela Folk’n’Roll no site, clicando aqui. Abaixo, um vídeo gravado com uma máquina digital numa festa privada.
O bom de ser baterista, isto é, ser o melhor amigo dos músicos, é que a gente tem um monte de conhecidos músicos. Há pouco mais de um ano, recebi um telefonema de um cara que se identificou como Ricardo, que me conhecia da época dos Old Stones. Disse que quem dera meu número pra ele fora o Carlos (o Português, dos Old Stones). Ao se identificar, disse que também tinha uma banda naquela época, assim, assado, etc. e tal. Resumindo: queria que eu conhecesse uma turma que estava se reunindo havia algum tempo, mas que não tinha baterista (ou seja, a turma não tinha um “melhor amigo”).
No dia combinado, apareci na casa desse cara, que eu desconfiava quem fosse. E era ele mesmo, o Tati, irmão do Fred, que estudava comigo no Colégio Batista. Inicialmente ele queria que eu levasse a bateria. Argumentei que era muita coisa só pra um encontro que nem se sabia se iria dar certo. Um dos outros caras, contudo, levou um arremedo de bateria, mas que dava pra fazer barulho.
E como fizemos barulho! Foi paixão à primeira vista. No grupo tinha (e ainda tem) dois guitarristas fantásticos (Richard e Cristiano), um contrabaixista de primeira (Ivo), o Tati, que toca violão e canta, e o Hespanhol, que, naquela época, era tecladista. Tinha, ainda, um cara que tocava harmônica, o Rafael, filho do Fred e, consequentemente, sobrinho do Tati, mas que não apareceu naquele dia (nem nos subsequentes, apenas nas apresentações. Hoje está fora do país).
Assim começou minha vida de baterista com aquela banda, chamada Alpha Rock. Posso dizer que praticamente começou a vida da banda, porque, até então, haviam feito poucas apresentações. Com meus conhecimentos, consegui levar a banda pra tocar no Sgt Peppers — a meca das bandas de rock de Porto Alegre —, que deu ainda mais motivação praquela gurizada detonar o rock n’ roll.
Diz a história que tudo começou com o nome “Joh Free Band”. No final dos 90, um baterista e um violonista, dispostos a encontrar alguém que realmente soubesse tocar, publicaram no jornal um anúncio classificado procurando um guitarrista. Atendendo ao anúncio, Cristiano Marchionatti junta-se ao violonista Ricardo Forneck e ao baterista da hora.
Em 2001, indicado por um amigo de Ricardo, agrega-se ao grupo o baixista Ivo Silveira. O tempo passa. Músicos passam e se vão, mas o trio Ricardo, Cristiano e Ivo mantêm-se firme.
Em 2003, o guitarrista Richard Hennig se junta aos encontros daquele trio formado por violão, guitarra e baixo. Nascia, então, a “Alpha Rock”. Nem se podia dizer que a banda era completa, pois nenhum baterista esquentava lugar. Um dia, Ivo convocou seu filho, Diego “Beselho” Silveira, para, finalmente, assumir as baquetas.
Mais tarde, Ricardo e Richard conheceram o tecladista PC Hespanhol e o convidaram para participar da banda. O convite foi aceito na hora.
Por motivos de estudos e trabalhos, Diego precisou desligar-se do grupo. Outra vez a banda passou por momentos críticos, convocando e testando outros bateristas, que não se enturmaram. Novamente por indicação, surgiu meu nome, de quem os demais gostaram e que também gostou da banda.
Quando a banda começou a tocar no Sgt Peppers, Revolution, Free Riders e outros pubs, amigos que a acompanhavam gravavam vídeos e os colocaram no Youtube. Ao se pesquisar por Alpha Rock, no entanto, aparecia outra banda com o mesmo nome, de outro Estado. Sugeri, então, que se mudasse o nome.
Agora, a Alpha Rock tem outro nome, “the” rock band, e continua tocando o mais puro, bom e velho rock'n'roll! Confira no site, clicando aqui.
A formação atual conta com Ricardo Forneck (violão e voz), Cristiano Marchionatti (guitarra e voz), Richard Hennig (guitarra e voz), Ivo Silveira (baixo), e Aldo Jung (bateria).
Abaixo, um vídeo gravado no Sgt Peppers.
No dia combinado, apareci na casa desse cara, que eu desconfiava quem fosse. E era ele mesmo, o Tati, irmão do Fred, que estudava comigo no Colégio Batista. Inicialmente ele queria que eu levasse a bateria. Argumentei que era muita coisa só pra um encontro que nem se sabia se iria dar certo. Um dos outros caras, contudo, levou um arremedo de bateria, mas que dava pra fazer barulho.
E como fizemos barulho! Foi paixão à primeira vista. No grupo tinha (e ainda tem) dois guitarristas fantásticos (Richard e Cristiano), um contrabaixista de primeira (Ivo), o Tati, que toca violão e canta, e o Hespanhol, que, naquela época, era tecladista. Tinha, ainda, um cara que tocava harmônica, o Rafael, filho do Fred e, consequentemente, sobrinho do Tati, mas que não apareceu naquele dia (nem nos subsequentes, apenas nas apresentações. Hoje está fora do país).
Assim começou minha vida de baterista com aquela banda, chamada Alpha Rock. Posso dizer que praticamente começou a vida da banda, porque, até então, haviam feito poucas apresentações. Com meus conhecimentos, consegui levar a banda pra tocar no Sgt Peppers — a meca das bandas de rock de Porto Alegre —, que deu ainda mais motivação praquela gurizada detonar o rock n’ roll.
Diz a história que tudo começou com o nome “Joh Free Band”. No final dos 90, um baterista e um violonista, dispostos a encontrar alguém que realmente soubesse tocar, publicaram no jornal um anúncio classificado procurando um guitarrista. Atendendo ao anúncio, Cristiano Marchionatti junta-se ao violonista Ricardo Forneck e ao baterista da hora.
Em 2001, indicado por um amigo de Ricardo, agrega-se ao grupo o baixista Ivo Silveira. O tempo passa. Músicos passam e se vão, mas o trio Ricardo, Cristiano e Ivo mantêm-se firme.
Em 2003, o guitarrista Richard Hennig se junta aos encontros daquele trio formado por violão, guitarra e baixo. Nascia, então, a “Alpha Rock”. Nem se podia dizer que a banda era completa, pois nenhum baterista esquentava lugar. Um dia, Ivo convocou seu filho, Diego “Beselho” Silveira, para, finalmente, assumir as baquetas.
Mais tarde, Ricardo e Richard conheceram o tecladista PC Hespanhol e o convidaram para participar da banda. O convite foi aceito na hora.
Por motivos de estudos e trabalhos, Diego precisou desligar-se do grupo. Outra vez a banda passou por momentos críticos, convocando e testando outros bateristas, que não se enturmaram. Novamente por indicação, surgiu meu nome, de quem os demais gostaram e que também gostou da banda.
Quando a banda começou a tocar no Sgt Peppers, Revolution, Free Riders e outros pubs, amigos que a acompanhavam gravavam vídeos e os colocaram no Youtube. Ao se pesquisar por Alpha Rock, no entanto, aparecia outra banda com o mesmo nome, de outro Estado. Sugeri, então, que se mudasse o nome.
Agora, a Alpha Rock tem outro nome, “the” rock band, e continua tocando o mais puro, bom e velho rock'n'roll! Confira no site, clicando aqui.
A formação atual conta com Ricardo Forneck (violão e voz), Cristiano Marchionatti (guitarra e voz), Richard Hennig (guitarra e voz), Ivo Silveira (baixo), e Aldo Jung (bateria).
Abaixo, um vídeo gravado no Sgt Peppers.
It’s only rock n’ roll, but I like it!
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