Coisas que me dão na telha, de vez em quando, e que quero deixar registradas, nem que seja num blog.







terça-feira, 18 de maio de 2010

A Voz do Brasil



     Deu nos jornais e na internet (deve ter dado nas rádios, eu é que não ouvi): STF diz que “A Voz do Brasil” tem de ser veiculada às 19 horas. Caramba!
     Os ouvintes de rádio se deram conta, há muito, que “A Voz do Brasil” já não era mais veiculada às sete da noite. Não sei quem deu início ao movimento de tirar o programa oficial do horário das 19h às 20h. Consta que a Rádio Eldorado, de São Paulo, começou a campanha em 1995. A partir daí, emissoras de todo o Brasil ganharam liminares para divulgar o programa no horário que quisessem em até 24 horas após a edição original. Em São Paulo, mais de 800 emissoras aproveitaram o ensejo. Aqui no Rio Grande do Sul, 320 emissoras afiliadas da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert) foram beneficiadas por liminares.
     Com base em dados coletados pelo Ibope, a Agert calcula que essa tolerância ajudou a aumentar em 300 mil ouvintes por minuto a audiência radiofônica só na Região Metropolitana de Porto Alegre, no horário anteriormente ocupado pelas informações oficiais. De acordo com o presidente da entidade, Alexandre Gadret, a conquista desse número de ouvintes quer dizer que o serviço oferecido pelas emissoras naquele horário é melhor.
     Agora, o Supremo Tribunal Federal determinou que as emissoras devem transmitir “A Voz do Brasil” em seu horário original, ou seja, às 19h. Com a decisão, as emissoras que contavam com uma liminar para flexibilizar a veiculação terão de rever sua programação no horário.
     A pendenga ainda não terminou. A decisão do ministro do STF Celso de Mello não é final. Ainda cabem recursos e, espero, fiquemos livres de ter que desligar o rádio das sete às oito da noite.
     A Voz do Brasil é o programa mais antigo do rádio, está no ar desde 22 de julho de 1935. Foi criado por Armando Campos, amigo de infância de Getúlio Vargas, com a intenção de ajudar o presidente a divulgar suas idéias para a população e, assim, ser esta a favor de seu governo. Começou com o nome “Programa Nacional”. Em 1938, o nome foi trocado para “A Hora do Brasil” e passou a ser obrigatório para todas as emissoras, com a divulgação dos atos do Poder Executivo. Em 1962, a partir da entrada em vigor do Código Brasileiro de Telecomunicações, o Poder Legislativo passou a ocupar a segunda meia hora do noticiário. Em 1971, por determinação do presidente Médici, o nome “Hora do Brasil” mudou para “A Voz do Brasil”.
     Os primeiros 25 minutos são produzidos pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e são transmitidas notícias sobre o Poder Executivo. Os demais 35 minutos são divididos e de responsabilidade dos poderes Judiciário e Legislativo.
     Por muitos anos o programa começou com a famosa expressão “em Brasília, dezenove horas”. Hoje a frase de início é “sete horas em Brasília”. O Guarani, de Carlos Gomes, tema inicial do programa, recebeu novas versões, em ritmo de samba, choro, capoeira, entre outros.
     Pasme: A Voz do Brasil está até no Twitter!
     Pois é, agora, até decisão em contrário, não vou mais poder ouvir meu programa favorito das sete às oito da noite. Acho que, nesse horário, vou me conectar a alguma rádio estrangeira na internet.
     Na minha cabeça, ter o hábito de ouvir A Voz do Brasil é a mesma coisa do que rotineiramente ler o Diário Oficial.
     Traçando um paralelo, imagine o leitor que estiver lendo uma crônica falando de dores ou amores, de repente, a partir de determinado parágrafo, encontre um texto assim:




     Não seria lamentável?


Um comentário:

Macfuca disse...

Já terminaram até com o Correspondente da Guaíba e não conseguem acabar com esta maravilha da Avo do Brasil.
Nos dias que vivemos em que temos as informações minuto a minuto empurrar guela abaixo este programa não da pra acreditar.