Coisas que me dão na telha, de vez em quando, e que quero deixar registradas, nem que seja num blog.







sábado, 5 de dezembro de 2009

pIcHaÇãO


     Como já disse na postagem anterior (O leste e o norte), moro num bairro meio ânus. Pra chegar onde moro preciso passar pela extensão da avenida Bento Gonçalves, desde seu início até a altura do Hospital São Pedro. Faço esse trajeto no mínimo duas vezes por dia — um de ida e um de volta — há quase quatro anos. Esse tempo não foi suficiente para que me acostumasse com os horrores que ali vejo. Falo da feiura provocada por pichações na maioria dos prédios da Bento Gonçalves. Não me conformo que haja no mundo — e também em Porto Alegre — gente que sinta prazer em grafar seu recalque nas paredes das moradias alheias. Não estou falando de grafite, que é uma arte de rua, mas sim daquelas garatujas aleatórias só entendidas e apreciadas por quem é do meio.
     Em setembro, em Viamão, um aluno pichou seu nome na parede da sala de aula que recém havia sido pintada em mutirão pela comunidade escolar. Flagrado por uma professora, esta obrigou-o a repintar a parede. O fato foi parar na justiça, rendeu reportagens, editoriais e crônicas em jornais e várias matérias em emissoras de rádio e de TV. Anteontem (03/12), o caso teve desdobramentos. Para não ter que se submeter a uma ação penal por uma possível infração ao Estatuto da Criança e do Adolescente, a professora Maria Denise Bandeira aceitou acordo proposto pela promotora Daniela Lucca da Silva. Pela chamada transação penal, a professora terá que pagar uma multa de meio salário mínimo (R$ 232,50) a ser depositada na conta do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente.
     A promotora — que cumpriu fria e fielmente a lei — penalizou alguém que praticou “educação” e seguiu as diretrizes da escola, estas amparadas pela SEC. Se, por um lado, a decisão foi infeliz, por outro, vai proporcionar um Natal melhor para alunos carentes de Viamão. Ontem (04/12), dezenas de pessoas se prontificaram a ajudar a professora a pagar a transação penal que lhe foi imposta. Essas doações — que superaram o valor da multa — serão depositadas na conta do Conselho de Pais e Mestres da escola Barão de Lucena e o valor será usado na compra de brinquedos.
     Muito propriamente diz Urbano Warcken, colunista do Jornal Bom Dia Rio Grande, de Erechim:

As escolas estão cheias de jovens e adolescentes que vêm de casa indisciplinados, mal educados, respondões, agressivos e dispostos a depredar e destruir. Quando uma escola resolve colocar um “basta” nesta corrente, a Justiça condena a educadora que, no intuito único de educar – na acepção mais literal do termo – fez um aluno reparar os estragos que produziu.

     Quanto ao “pobre” adolescente, aquele que fez arte com seu belo nome na parede da sala de aula recém pintada com os esforços da comunidade escolar, e que foi “injustamente” constrangido, sofrendo o “vexame” de ter que pintar novamente a parede, sabe-se se lá o que vai acontecer com ele. Amanhã ou depois deverá estar com um pano tapando a cara e com sprays de tinta na mão pichando um prédio numa avenida Bento Gonçalves da vida.
     Nos dias de hoje, a lei não pode ser interpretada como palavra fria. Há que se ter, acima de tudo, bom senso, cujo faltou à fiel defensora dos “direitos” daquele adolescente. Fica a pergunta: quem vai fiscalizar o “dever” dele?

2 comentários:

Urbano disse...

Prezado Aldo Jung
Gostaria que me informasse e-mail ou telefone para permitir-me falar com vc.
Urbano Warcken
urbano@bomdiariogrande.com

Anônimo disse...

Se é feio ou bonito...
Depende do ponto de vista de quem ve!
hehehehe